Operadoras celulares abrem canal USSD para bancos no Brasil
Fernando Paiva
Um novo canal para transações bancárias no celular está nascendo no
Brasil. Através de uma ligação para um número que começa por um
asterisco, o correntista acessa um menu do seu banco em uma interface de
texto, na forma de um menu que abre em sua tela. Trata-se do protocolo
USSD (Unstructured Supplementary Service Data), presente em todas as
redes GSM e compatível com qualquer telefone móvel, mesmo aqueles mais
simples. Até então, esse canal era utilizado principalmente para
serviços internos das próprias operadoras celulares, como a recarga de
créditos. Agora, o USSD é aberto a terceiros, a começar pelos bancos,
criando uma nova fonte de receita para as operadoras. Claro e Vivo já
elaboraram APIs para o desenvolvimento de soluções que acessem suas
redes USSD. Na Vivo, o acesso à plataforma USSD já é um produto
disponível no mercado. Na Claro, a solução está em testes. Entre os
bancos, o Citibank foi o primeiro a botar no ar o novo canal. Bradesco e
Santander estão negociando, assim como o Carrefour (neste caso, para os
portadores do seu cartão de crédito).
Para o consumidor, o acesso ao seu banco via USSD será gratuito. A cada
sessão aberta será possível realizar operações como consulta de saldo,
extrato e geração de pincode. A interface é atraente especialmente para
quem tem um feature phone. Correntistas com smartphones vão continuar
preferindo os aplicativos móveis, prevê uma fonte que acompanha o
desenvolvimento desse novo mercado.
Para os bancos, vale a pena fomentar esse canal porque ele é mais
barato que o atendimento via URA ou call center. As teles cobrarão dos
bancos por sessão, cujo preço deve equivaler a aproximadamente quatro
SMS corporativos. A venda será feita no atacado, com grandes volumes de
sessões para cada banco usar ao longo de um determinado período de
tempo.
Tal como no SMS, haverá a figura do broker homologado. Este fará o meio
de campo entre os bancos e as teles, seja desenvolvendo a aplicação
bancária com a API da operadora, seja comprando e revendendo sessões de
USSD. A tendência é que cada operadora escolha alguns players para
atuarem como brokers homologados.
A expectativa é de as operadoras brasileiras se coordenem para criarem
números nacionais de USSD, que possam ser usados por terceiros, tal como
acontece hoje com os chamados "large accounts" (LAs) de SMS. No caso
dos bancos, o natural é que cada um utilize o mesmo número que o
identifica no sistema financeiro nacional. Foi o que fez o Citibank: seu
canal de USSD é acessado via *745.
Análise
A novidade chega em um momento bastante propício do mercado brasileiro,
em que há uma efervescência de novidades mesclando mobilidade e
serviços financeiros, tais como: alianças entre teles e bancos para
lançar serviços de m-payment com cartões de débito pré-pagos; publicação
da regulamentação de pagamentos móveis pelo Banco Central; adaptação
das redes de adquirência para aceitação de pagamento por NFC;
distribuição de cartões bancários com chip NFC; surgimento de soluções
de mPOS, que transformam o smartphone em uma máquina de POS etc. Aliás,
vale lembrar que algumas das soluções de cartão de débito pré-pago no
celular lançadas no Brasil usam justamente o canal USSD para as
transações. É o caso do Zuum (parceira entre Vivo e Mastercard) e do
"Meu Dinheiro Claro" (parceria entre Claro e Bradesco).
Nenhum comentário:
Postar um comentário