Muitas formas de negócio nascem diariamente, algumas acabam vingando e
se tornando muito rentáveis enquanto outras não passam do estágio
embrionário. O MVNO (de
Mobile Virtual Network Operator, no
inglês, ou Operadora Móvel com Rede Virtual, em tradução livre) é um
desses negócios, que pode dar muito certo, caso seja feito de maneira
adequada, ou pode ser um tiro n’água, caso não seja bem direcionado.
Essas operadoras móveis virtuais têm como objetivo usar a rede das
operadoras tradicionais para atingir nichos específicos de cliente,
agregar serviços diferenciados ou até mesmo simplesmente revender
pacotes de serviços convencionais de outras formas. Resumidamente, são
empresas que fazem parcerias com as operadoras tradicionais para usarem
sua infraestrutura de rede e afins para criar novas utilizações para
essa mobilidade nas quais as operadoras tradicionais não tem interesse
ou não podem atender.
A princípio existem três maneiras de uma MVNO operar: 1) Atuando como
uma simples revenda, colocando sua marca no serviço e deixando todo o
resto para a operadora; 2) Além da marca, oferece serviços e aplicativos
próprios, utilizando da operadora tradicional os sistemas de
tarifação/cobrança e a infraestrutura de rede; e 3) Usa apenas a rede da
operadora tradicional, se ocupando de todo resto do negócio, da marca
até o faturamento.
Por enquanto, pelo menos no Brasil, o uso mais claro das MVNO é no
M2M (Machine to Machine), um exemplo disso são as maquininhas de cartão
de crédito/débito móveis, aquelas que o cobrador de pizza leva na sua
casa na hora para você poder usar no Vale Refeição. Muitas vezes elas
usam a rede de alguma operadora tradicional, mas quem faz todo
gerenciamento desse uso é uma MVNO. Elas que fecham planos com os
estabelecimentos, que fazem todo processo de pós-vendas, que habilitam
ou cancelam novos simcards ou linhas e etc. A Oi/Claro/Vivo/Tim apenas
cede as suas torres para que máquina funcione.
Teoricamente as opções de uso das redes
que uma MVNO tem são bastante vastas. Na prática poucas deram realmente
certo. Fora essa questão do M2M, outra opção de uso bem sucedida é na
parte de rastreamento de veículos, chips próprios são instalados em
frotas de veículos (geralmente táxis ou caminhões de entrega) para fácil
localização e uma gestão melhor de tempo. São campos onde a telefonia
móvel é bastante útil, porém as operadoras às vezes não percebem essas
utilizações ou até mesmo preferem não atuar. Então se torna também
lucrativo para as operadoras, uma vez que elas ganham receita nessas
parcerias sem fazer basicamente nada além da manutenção das suas
próprias redes.
Duas empresas já operam no Brasil usando essa forma de negócios. A
primeira é a Porto Seguro, que opera utilizando a rede da Tim, começou
seus trabalhos em agosto de 2012. A outra é a Datora Telecom, que
começou em novembro de 2012. Ambas iniciaram suas operações trabalhando
com o M2M, mas pretendem ampliar essa parceria para novas áreas, como
M2M de medição industrial, segurança patrimonial para smart meter,
rastreamento de veículos, telemetria, entre outras. Esse segmento também
atrai muitas empresas estrangeiras, das que já demonstraram interesse
estão: Virgin Mobile, Tesa Telecom, Algar Telecom e Sisteer.
Essa forma de parceria tem vantagens para todos os lados. O cliente
final ganha pois, com a entrada dessas operadoras virtuais, a
concorrência aumenta e com isso a tendência é que novos serviços sejam
ofertados ou ainda serviços convencionais sejam revistos, melhorando sua
customização ou até mesmo seu preço. Por outro lado, é uma questão
delicada, uma vez que sabemos que as redes das operadoras tradicionais
hoje já estão praticamente saturadas, com constantes apagões e
estabilidade duvidosa. Será que elas aguentariam outras utilizações além
das atuais? No começo não veríamos muitos problemas, pois o M2M costuma
ter uma utilização mais modesta da rede, sem grandes tráfegos de
informação, mas com a evolução dessas parcerias, todos os acordos
deverão ser revistos para que, ao invés de nos trazer soluções, o MVNO
nos traga ainda mais complicações.