Ovum estima que, em 2017, mundo terá 239 milhões de usuários de operadoras móveis virtuais. Aumento de participação de países em desenvolvimento deve reduzir importância de Estados Unidos e Europa.
A consultoria Ovum divulgou nesta terça-feira (16) um estudo sobre o mercado global de operadoras móveis virtuais (MVNO, na sigla em inglês). O levantamento aponta crescimento ano a ano do setor em todo o mundo. Em 2012, tinha faturamento de US$ 20 bilhões. Este ano, deve superar os US$ 26 bilhões.
O número de assinantes também vem crescendo, e deve encerrar 2014 na faixa dos 200 milhões. Para 2017, a expectativa é de que hajam 239 milhões de usuários. Segundo a Ovum, atualmente Estados Unidos e Europeia Ocidental representam 85% do mercado de MVNO. A tendência é de que haja um equilíbrio entre os países em desenvolvimento, que devem ganhar mais 20% do mercado global nos próximos anos.
No momento, a consultoria estima que os MVNOs representem 13% das conexões móveis no mundo, mas geram menos de 10% das receitas do setor de telecomunicações. O motivo de isso acontecer está no modelo de negócios e na margem, que na média fica em um dígito, especialmente na América Latina.
“Estamos falando de um mercado de nicho. Nenhuma MVNO bem-sucedida pretende ser líder do mercado de telefonia móvel”, ressalta Ari Lopes, analista principal da Ovum para a América Latina. Ainda assim, em uma análise de sentimento de mercado, as operadoras virtuais acreditam no crescimento (81%) este ano. Ele divulgou os resultados durante o MVNOs Industry Summit Latam 2014, evento que acontece de 16 a 17 de setembro, em São Paulo.
Segundo ele, o Brasil é um país diferente do restante dos países latino-americanos. Aqui, negociações com operadoras e a obtenção de uma licença para se operar MVNO pode demorar mais de um ano. “No Chile, são alguns dias. Na Colômbia, semanas”, diz. Os dois países são os que possuem o setor de MVNO mais desenvolvido na região.
Lopes frisa que as operadoras ainda são cautelosas quanto à concorrência promovida pelas MVNOs, apesar de serem operações de nicho. Por isso, lembra os benefícios para as grandes em vender no atacado. “É uma forma de rentabilizar a rede que já se possui. Seria também uma forma de economizar custos, como marketing e ampliar a presença no varejo”, elenca.
Ele cita como exemplo o Reino Unido, onde existem cerca de 80 MVNOs ativas e que faturam para as operadoras entre 900 e 950 milhões de libras, oferecendo 400 a 500 milhões de libras de lucro para as grandes, uma margem de quase 50%. Os recentes cortes em taxas de interconexão também podem ser compensados pela venda no atacado, acredita o analista.
Os nichos mais explorados pelas MVNOs são o jovem (38%), varejo (32%), redes sociais (32%), étnicos (29%) e M2M (29%). Os serviços mais oferecidos mudaram, conforme muda a telefonia móvel. Saem as chamadas de voz, entram as aplicações em nuvem (32,65%), a banda larga móvel (30%), serviços financeiros (29,74%), roaming internacional (28,86%).
“Aqui na América Latina, porém, com a implantação do LTE está acontecendo, por isso as MVNOs ainda têm dificuldade em ofertar a banda larga móvel”, lembra Lopes. Como as as empresas podem atuar em mais de um segmento, oferecendo mais de um serviços, estes totais ultrapassam 100%.
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